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HONORÉ DE BALZAC

              by Ivana Lopes

Em 20 de maio de 1799 nascia na França, na cidade de Tours, Honoré de Balzac, considerado por muitos críticos, o romancista mais importante do Ocidente, o precursor do realismo moderno.

A literatura mundial, a partir de suas obras, pode ser dividida em antes e depois de Balzac.  Sua importância dentro do mundo das letras é incontestável. Balzac influenciou grandes nomes mundialmente famosos como: Marcel Proust, Émile Zola, Charles Dickens, Dostoiévski, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino.

Desde muito jovem Honoré de Balzac já queria ser escritor, se tornar famoso e viver junto da aristocracia. Pretendia além de obter fama com seu trabalho, ascender socialmente. Ao terminar o curso de direito com 20 anos, passou a trabalhar num escritório de advocacia, onde observando o comportamento dos advogados, dos réus, os tribunais, os problemas da justiça, testemunhando o poder do dinheiro sobre a vida das pessoas, ele recolheu muito material para posteriormente escrever seus romances.  Quando sua família decidiu se mudar de Paris por problemas financeiros, ele contrariando a todos, resolveu permanecer na cidade e se tornar escritor profissional abandonando o direito definitivamente. Seus primeiros trabalhos como escritor eram “comerciais” e o próprio Balzac ciente disso usava um pseudônimo para assinar os textos. Mas em 1829 ele escreveu e assinou seu primeiro sucesso: Les Chouans, o livro agradou muita a crítica da época e assim finalmente Balzac deu inicio a sua vasta produção genuinamente literária. Nesse mesmo ano publicou diversos artigos e novelas e começou a escrever a “Mulher de trinta anos” publicado em 1843, foi este livro que deu origem à expressão “balzaquiana”, relacionada à mulher madura. Chegou a trabalhar 15 horas por dia, produzindo ao longo da vida os 95 romances que comporiam a Comédia Humana, nomeada desta forma pelo próprio escritor. Nela todos os seus romances estão interligados, suas histórias se entrelaçam, dialogam entre si, como se retratassem diversos momentos da vida. Foi o primeiro escritor a criar romances desta forma. O trabalho de Balzac é um retrato fiel da sociedade francesa do séc. XIX, onde estão representados os costumes, o cotidiano, a importância dos bens materiais, das grandes fortunas, do status social para a burguesia da época. Com grande riqueza de detalhes Balzac pinta um quadro muito fiel da França de seu tempo. Seus personagens são seres reais, frutos de sua construção psicológica primorosa, eles realmente “vivem” nos livros, com suas fraquezas de caráter, suas mazelas tão humanas. Balzac dá um tratamento todo especial na criação de seus personagens femininos, considerado por muitos, o primeiro escritor feminista que se tem notícia, ele retrata a mulher refém de casamentos arranjados, tratada como inferior ao homem pela sociedade, que a quer submissa e feita só para o casamento, entretanto suas personagens, apesar dos fracassos e das desilusões amorosas, demonstram ter, contrariando os preceitos da época, uma personalidade forte, muitas vezes mais madura e lúcida do que as dos homens que as cercam, como é o caso da heroína Eugénie Grandet.  

O escritor Honoré de Balzac faleceu em 18 de agosto de 1850, sem ter se tornado um aristocrata, como havia sonhado na juventude, mas sua extraordinária obra ultrapassou todos os limites da fama, do tempo e do espaço, do seu criador, vivendo para muito além dele, chegando aos nossos dias como uma preciosidade da literatura universal.

 

Fontes de Pesquisa:

http://blog.estantevirtual.com.br/2016/05/20/honore-de-balzac-e-suas-obras-primas/

https://www.ebiografia.com/balzac/

https://educacao.uol.com.br/biografias/balzac

Enciclopédia Mirador Internacional

https://www.pensador.com/autor/honore_de_balzac/biografia/

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos (Fabrício Torres de Souza)

BALZAC, Honoré de. "Ilusões Perdidas", Editora Globo. Porto Alegre.  1959.

MONTEIRO LOBATO –O GENIAL, POLÊMICO E MAIS BRILHANTE ESCRITOR DA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA

JOSÉ LINS DO REGO- O ESCRITOR E SUA OBRA

José Lins do Rego Cavalcanti era filho de fazendeiros de uma tradicional família de “Senhores de Engenho” produtores de açúcar. Ele nasceu na Paraíba, no Engenho Corredor, próximo à cidade de Pilar em 3 de junho de 1901. Ainda muito criança perdeu a mãe e passou a ser criado pelo avô.

Com oito anos foi colocado em um colégio interno onde ficou por três anos. Em 1912 foi estudar na cidade de João Pessoa onde publicou nesse mesmo ano seu primeiro artigo no jornal local. Alguns anos depois se mudou para Recife onde continuou os estudos até concluir o que hoje é chamado de ensino médio, depois cursou a Faculdade de Direito do Recife. Foi em Recife que conheceu grandes intelectuais da época como Gilberto Freyre e José Américo de Almeida.

Em 1924 o escritor se casou e no ano seguinte foi nomeado promotor, mas em 1926 mudou-se com a mulher para Maceió e se tornou fiscal de bancos, além de ter esse trabalho ele passou a colaborar com o Jornal de Alagoas. Em Maceió se tornou amigo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima.

Seu primeiro romance publicado foi “Menino de Engenho” em 1932 que foi muito elogiado pela crítica e recebeu o Prêmio da Fundação Graça Aranha. Em 1935 o escritor se mudou para o Rio de Janeiro onde continuou escrevendo seus romances e trabalhando como jornalista, publicando crônicas diariamente em jornais cariocas.

Em seus romances José Lins do Rego fala da decadência dos senhores de engenho, fazendo uma crítica  ao sistema econômico ultrapassado que se baseava na exploração desumana da mão de obra. Sua narrativa é cheia de autenticidade e realismo, descrevendo a vida, os costumes, as características, a maneira de falar do povo nordestino que viveu durante a época do declínio dos grandes engenhos. Na verdade seus livros são autobiográficos. O escritor nasceu num engenho de açúcar, passou toda a sua infância lá. A realidade que retratou em seus livros era muito conhecida e familiar a ele. Além de falar da vida nos engenhos e da sua decadência econômica José Lins do Rego também fala em sua obra sobre os cangaceiros, sobre o misticismo do povo nordestino e sobre a seca. Ele foi um grande escritor regionalista do modernismo.

O próprio José Lins do Rego dividiu a sua obra em três fases: “O Ciclo da Cana-de-Açúcar”, onde se enquadram os livros: “Menino de Engenho”, “Doidinho”, “Fogo Morto” e “Usina” depois o ”Ciclo do Cangaço, Misticismo e Seca” com “Pedra Bonita” e “Cangaceiros” e “Obras Independentes” que podem ter ligação com os ciclos anteriores como é o caso de “Moleque Ricardo” e “Riacho Doce” ou não como os livros “Água-Mãe” e “Eurídice”.

Seu primeiro livro publicado “Menino de Engenho” teve sua publicação paga com dinheiro do próprio escritor e como já foi dito, se tornou um grande sucesso de crítica e de venda. A partir do segundo livro publicado “Doidinho”, o editor José Olympio propôs ao escritor fazer uma edição de dez mil exemplares de seu próximo romance, isso fez com que José Lins do Rego se tornasse um escritor muito conhecido e prestigiado pelos leitores. A partir de então ele passou a publicar um livro por ano. Sua obra além de importante dentro da literatura brasileira tornou-se também muito vasta.

O livro “Fogo Morto” escrito em 1943 é a obra prima de José Lins do Rego. Nele o escritor retrata com riqueza de detalhes o declínio dos engenhos de cana e com ele a decadência da economia nordestina da época. Com singular sensibilidade ele descreve a ruína dos senhores de engenho, inclusive de seu próprio avô e das pessoas que dependiam daquele trabalho para sobreviver. Por estar tão inserido naquela realidade sua narrativa é surpreendente e nos leva para dentro de sua história, de sua época e de seu contexto, mostrando bem porque ele se tornou um escritor tão reconhecido pelo público e pela crítica , deixando muito claro seu grande valor dentro da literatura brasileira.

Em 15 de setembro de 1955 José Lins do Rego foi eleito para ocupar a cadeira número 25 da Academia Brasileira de Letras.

Várias de suas  obras  foram adaptadas para o cinema, teatro e tv e foram também traduzidas em outros idiomas.

O escritor José Lins do Rego faleceu no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1957.

Em sua obra, José Lins do Rego, soube como poucos fazer o retrato de uma época da história do Brasil. Ele registrou em seus livros não só fatos, mas principalmente os traços tão peculiares e marcantes do povo nordestino, sua força interior, suas crenças e costumes que fazem com que enfrentem e  superem todos os obstáculos inclusive os naturais como a seca, demonstrando que o nordestino é mesmo “um forte”.  Por tudo isso a obra de José Lins do Rego  merece ser conhecida, lida e relida por todos nós.

 

 

 

Texto escrito por  Ivana Lopes-  Tradutora, Escritora e Colunista

 

 

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Fontes de Pesquisa:

www.academia.org.br/academicos/jose-lins-do-rego/biografia

http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-lins-do-rego

 www.ebiografia.com

www.brasilescola.uol.com.br

www.releituras.com/jlinsrego

www.infoescola.com/biografia-de-jose-lins-do-rego (por Ana Paula de Araújo)

José Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté em 18 de abril de 1882, filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato e neto do Visconde de Tremembé. Monteiro Lobato foi alfabetizado pela mãe e foi na vasta biblioteca do avô que ele descobriu o grande prazer da leitura, ainda na infância leu todos os livros infantis do grande acervo do Visconde.

Quando Lobato estava com 16 anos seu pai faleceu. Pouco tempo depois o rapaz teve sua primeira atitude polêmica, ao herdar uma bengala que tinha sido do pai, onde estavam gravadas as iniciais J.B.M.L, resolveu mudar de nome, para assim ter as mesmas iniciais, passando a se chamar José Bento Monteiro Lobato.

Formou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, apesar de sua vocação para as letras e as artes, além de escrever fazia pinturas, desenhos e caricaturas. Durante a formatura fez um inflamado discurso que chocou seus professores, padres e bispos que estavam presentes e que se retiraram da cerimônia.

O escritor Monteiro Lobato era extremamente nacionalista, um grande ativista político que combatia duramente o atraso econômico e cultural em que o Brasil estava mergulhado. No livro “Urupês” de 1918, ele criou o personagem “Jeca Tatu”, o homem iletrado, que vive na roça, cercado de animais, vivendo descalço e na pobreza, sem direito a nenhuma educação, vítima do descaso do governo, tanto o livro quanto o personagem são uma dura crítica ao atraso do país. Escreveu mais tarde dois livros “Ferro” em 1931 e “O Escândalo do Petróleo” em 1936 onde combatia a política do governo de Getúlio Vargas, contrária a exploração de petróleo em solo brasileiro, é do escritor a célebre frase “O petróleo é nosso”, que se tornou slogan de uma intensa campanha liderada por Lobato para nacionalização de todo o petróleo que fosse encontrado em terras brasileiras. Perseguido pelo governo, por suas ideias que contrariavam os interesses dos governantes e das multinacionais, que chegavam ao país, Monteiro Lobato foi preso em 1941 ficando 6 meses na prisão, mesmo após ser solto continuou sendo alvo de perseguição da ditadura de Vargas.

Além desse lado ativista de Monteiro Lobato e de sua postura muitas vezes polêmica ao longo da vida, como quando criticou a exposição expressionista da pintora Anita Malfatti, chamando o trabalho dela de “resultado de uma deformação mental”, havia no escritor Monteiro Lobato um enorme talento inovador para criar histórias infantis. Seu talento e seu pioneirismo abriram novos caminhos dentro da literatura infantil. A partir de seu livro “Reinações de Narizinho”, o escritor traz não apenas “novas histórias infantis”, mas ele cria todo um universo repleto de fantasia e de diversão, recheado por figuras folclóricas e da cultura popular brasileira, onde além de entreter o pequeno leitor, fazê-lo viajar pelo mundo do faz de conta na companhia da menina Narizinho, do garoto Pedrinho, da incrível boneca Emília que fala e age como gente, do sabugo de milho, um nobre e culto Visconde, e de todas as outras personagens do Sítio do Picapau Amarelo, o escritor simplesmente revoluciona a literatura infantil no Brasil, não sendo exagero dizer que a infância depois de seus livros nunca mais foi a mesma. Sua criatividade e talento são indiscutíveis e colocam a criança no centro das atenções pela primeira vez, além de que, sua obra consegue também ensinar brincando, quando ele “conta” ou reescreve para as crianças clássicos como “Dom Quixote” de Miguel de Cervantes em “Dom Quixote das crianças”, “As Aventuras de Hans Staden”, “Os Doze Trabalhos de Hércules”, ”O Minotauro”, “História das Invenções”, “Histórias do Mundo para crianças”, ensina português em “Emília no País da Gramática”, ou matemática em “Aritmética da Emília”. Além de grande escritor, Monteiro Lobato foi também dono de Editora e um dos pioneiros do mercado editorial no Brasil.

O escritor faleceu em 4 de julho de 1948.

Em sua homenagem “O Dia Nacional do Livro Infantil” é comemorado no dia 18 de abril, data de nascimento do escritor.

Uma última grande polêmica a respeito de Monteiro Lobato surgiu muito tempo após sua morte. Há grupos de estudiosos que o consideram um escritor racista pelos termos que usa ao se referir a uma de suas personagens “Tia Anastácia”, a mulher negra e cozinheira do Sítio do Picapau Amarelo. Enquanto outros grupos saem em defesa do escritor, justificando que seus livros retratam uma época, a linguagem e o modo de pensar dessa época. Citam exemplos com vários trechos de seus livros onde a sabedoria popular é enaltecida através da figura de Tia Anastácia como contadora de histórias, justificando também que o escritor dedicou um livro todo ao personagem em “Histórias de Tia Anastácia” o que comprovaria a importância dada pelo escritor a ela. Apesar dessa polêmica que envolveu Monteiro Lobato, não cabe aqui julgá-lo, mesmo porque isso só poderia ser feito por especialistas no assunto, que de fato não sou.

O que é importante ressaltar é que apesar de toda e qualquer polêmica que já envolveu a pessoa de Lobato, nada tira dele o mérito de grande e talentoso escritor infantil, o gênio e pioneiro que transformou a infância de muitas gerações, dando às crianças a possibilidade de sonhar, fantasiar, aprender e viajar por um mundo encantado através de seus livros. Monteiro Lobato abriu para muitas gerações a porta do amor à leitura, muitas das crianças que leram seus livros, se tornaram mais tarde adultos leitores, amantes dos bons livros.

 

Artigo escrito por Ivana Lopes – escritora, tradutora e colunista

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e meu site Mestres da Literatura: http://ivanascl168.wixsite.com/meusite

 

Fontes de pesquisa:

http://guiadoestudante.abril.com.br/

www.infoescola.com/literatura/o negro nas obras de monteiro lobato

www.ebiografia.com

https://pensador.uol.com.br

              GRACILIANO RAMOS E SUA OBRA 

A CRÍTICA SOCIAL E O RETRATO FIEL DA REALIDADE

Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892 em Quebrangulo, cidade localizada no sertão de Alagoas. Foi o primeiro filho de uma família numerosa, seu pai Sebastião Ramos de Oliveira e a mãe Maria Amélia Ferro Ramos tiveram 16 filhos.

Passou sua infância no sertão nordestino castigado pela seca, vivendo com a família, onde ele e os irmãos recebiam dos pais uma educação muito rígida, seu pai inclusive costumava surrar os filhos, essa violência era tão frequente que marcou a vida e a obra do futuro escritor, que acreditava que a violência era muitas vezes a base do relacionamento humano. Graciliano cresceu num ambiente seco, árido, rude não apenas pelas características da natureza que o cercava mas também essas eram características que ele encontrava dentro da própria casa no convívio com a família, isso fez dele um homem introspectivo, fechado e muitas vezes pessimista. Essas características acabaram marcando sua escrita, ele foi um escritor que usou com maestria do realismo em sua narrativa, sem floreios nas palavras, seu texto é preciso ao descrever a realidade do sertanejo castigado pela seca, como por exemplo em sua obra prima “Vidas Secas”. Esse universo onde tudo era “seco” até a vida das pessoas, era um ambiente muito familiar ao escritor.

Em 1894 ele e a família se mudaram para Pernambuco indo morar na cidade de Buíque. Voltaram para Alagoas em 1904 passando a morar em Viçosa. Com apenas 12 anos ele criou na cidade um jornal para crianças chamado “Dilúculo”. Em 1905 foi estudar em Maceió e no ano seguinte foram publicados sonetos de Graciliano na revista “O Malho”. Em 1909 passou a ser um colaborador do “Jornal de Alagoas” onde publicou sonetos, o primeiro foi “Céptico”, todas as publicações eram feitas usando um pseudônimo.

Em 1910 a família se mudou novamente, indo morar em Palmeira dos Índios em Alagoas. Nessa cidade o pai do escritor abriu um pequeno comércio onde Graciliano passou a trabalhar. Em 1914 Graciliano Ramos se mudou para o Rio de Janeiro onde se tornou revisor dos jornais “Correio da Manhã” e “A Tarde”, mas depois acabou voltando para Palmeira dos Índios onde retomou o trabalho no comércio da família além de trabalhar como jornalista na cidade. Em 1915 Graciliano Ramos se casou com Maria Augusta Ramos, tiveram quatro filhos. Em 1920 sua esposa faleceu deixando Graciliano com os filhos ainda pequenos.

Em 1927 ele se tornou prefeito de Palmeira dos Índios, mas dois anos depois renunciou ao cargo e se mudou para Maceió onde foi nomeado Diretor da Imprensa Oficial, neste mesmo ano ele se casou novamente com Heloisa Medeiros. Demitiu-se do cargo e passou a trabalhar colaborando com diversos jornais locais sempre usando pseudônimo.

Em 1933 foi lançado seu primeiro livro “Caetés” que Graciliano tinha começado a escrever em 1925.

Seu livro “São Bernardo”, um dos maiores clássicos da literatura brasileira, foi publicado em 1934. Nessa época Graciliano Ramos se tornou amigo de Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.

Em 1936 o escritor Graciliano Ramos foi preso, durante o governo de Getúlio Vargas, acusado de ter participado da Intentona Comunista que aconteceu um ano antes. A acusação nunca foi comprovada, mesmo porque Graciliano só se filiou ao partido comunista muitos anos depois, em 1945. Apesar disso o escritor foi preso e levado ao Rio de Janeiro onde passou por vários presídios, não houve julgamento, nem foram apresentadas provas contra ele, entretanto sua prisão durou dez meses e ele passou a maior parte desse tempo no presídio de Ilha Grande onde sofreu humilhações e vivenciou muito sofrimento. Anos depois de ser libertado ele escreveu “Memórias do Cárcere” relatando tudo que viveu na prisão, além de falar sobre sua experiência pessoal, ele fez uma crítica nesse livro da realidade brasileira da época, denunciando o autoritarismo do governo Vargas e o atraso cultural em que o Brasil estava mergulhado. Esta obra foi publicada em 1953, após a morte de Graciliano que não chegou a concluir o trabalho, o escritor faleceu antes de escrever o último capítulo.

A obra mais importante de Graciliano Ramos, considerada sua obra prima, o livro “Vidas Secas” foi publicada em 1938 e recebeu prêmios nacionais e internacionais importantes. Os livros de Graciliano foram traduzidos em vários idiomas. “Vidas Secas”, “São Bernardo” e “Memórias do Cárcere” foram, além disso, adaptados para o cinema. O filme “Vidas Secas” recebeu dois prêmios internacionais.

Em 20 de março de 1953 o escritor Graciliano Ramos faleceu vítima de câncer nos pulmões.

O escritor é considerado o melhor ficcionista e prosador do Modernismo. Em sua obra, além de retratar fielmente e com grande realismo os problemas sociais do nordeste, Graciliano faz uma crítica muito contundente da sociedade e das relações humanas.

Seus livros retratam fielmente o sofrimento, o abandono e as injustiças sociais vividas pelo sertanejo pobre, simples e rude do nordeste brasileiro. Infelizmente muitas dessas injustiças e desses sofrimentos ainda acontecem pelos sertões de nosso país apesar de ter se passado bastante tempo desde as publicações das obras de Graciliano Ramos, sua obra continua viva, vibrante e atual num país como o nosso onde uma calamidade como a seca em regiões do norte e nordeste se tornou um “mal” crônico e sem saída, pelo desinteresse das autoridades em buscar uma solução definitiva.

Graciliano Ramos é um escritor que vale a pena ser lido e relido, suas obras são um banho de realidade, que apesar de dura, deve ser motivo de reflexão sobre a nossa sociedade e sobre o que pode ser feito para se construir uma nação mais justa. O papel da leitura muitas vezes é o de transformar, de enriquecer e de ampliar a nossa visão de mundo.

 

 

Texto escrito por  Ivana Lopes -  Tradutora, Escritora e Colunista

 

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Fontes de Pesquisa:

 

www.releituras.com/graciramos_bio.asp

Caderno “Mais” da Folha de São Paulo edição de 09/03/2003

www.ebiografia.com/graciliano_ramos

http://educacao.uol.com.br/graciliano-ramos.htm

www.educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/graciliano-ramos.html

www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros

ARIANO SUASSUNA

o talentoso escritor, dramaturgo e poeta nordestino, um grande defensor da cultura popular brasileira

Ariano Suassuna foi dramaturgo, escritor, poeta, professor e advogado. Nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, a capital da Paraíba, filho de João Suassuna, ex-governador do estado e de Rita de Cássia Villar.

Quando Ariano tinha apenas três anos de idade seu pai foi assassinado por motivos políticos. Então ele, a mãe e os irmãos se mudaram para Taperoá, sertão da Paraíba, no sítio Acauã, onde o escritor passou sua infância. Foi ali que pela primeira vez, Ariano Suassuna teve contato com a cultura popular nordestina ao assistir o “teatro de mamulengos”, um teatro de bonecos feito por artistas do povo, de improviso, sem roteiro onde o povo participa ativamente, interagindo com os artistas, sendo que os diálogos são criados na hora do espetáculo. Além do contato com os mamulengos, Suassuna presenciou ali os desafios de viola. Essas manifestações do folclore nordestino com certeza encantaram o menino e influenciaram  profundamente toda a obra do escritor, que iria ser escrita mais tarde.

Na adolescência Ariano Suassuna se mudou novamente com a família indo morar no Recife, lá estudou no Ginásio Pernambucano e depois no Colégio Oswaldo Cruz. Em 1946 ele entrou para a Faculdade de Direito de Recife  e foi na faculdade que Ariano conheceu  e conviveu com escritores, atores, poetas, artistas e pessoas interessadas em literatura. Juntamente com um amigo ele fundou o Teatro de Estudantes de Pernambuco. Ariano se formou em direito em 1950, depois cursou Filosofia concluindo  essa graduação em 1964. Seu primeiro trabalho publicado foi “Noturno”  em 1945 no Jornal do Comércio do Recife. Sua primeira peça de teatro foi “Uma mulher vestida de sol” premiada  em 1948.

Ariano se casou no final dos anos 50. Ele e a mulher Zélia tiveram seis filhos. Em 1970 Suassuna criou o ”Movimento Armorial” para divulgar e valorizar a cultura nordestina, com sua literatura de cordel, sua música, seu teatro e dança. Além da valorização da cultura popular, esse movimento, tinha por objetivo misturar o popular ao erudito, levando o erudito ao povo sem desvalorizar a sua cultura, ele sabia do grande valor que possui a arte popular, que vem espontaneamente do povo, a intenção era de enriquecer a cultura através dessa mistura. Esse movimento recebeu o apoio de escritores e intelectuais da época.

O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna foi um dos grandes responsáveis pela modernização do teatro brasileiro. Uma das características marcantes de suas obras teatrais é o improviso com textos populares repletos da cultura nordestina.

Um de seus trabalhos mais famosos é “Auto da Compadecida”, escrito em 1955 e que fez muito sucesso ao ser  adaptado para o cinema e para a TV  e o tornou conhecido em todo o país. A versão para a TV teve no elenco Fernanda Montenegro, Selton Melo, Mateus Nachtergaele e Marco Nanini entre outros. O estílo do escritor Ariano Suassuna é calcado na cultura popular, seus textos são cheios de humor, denunciam a corrupção, a hipocrisia, o preconceito, o falso moralismo fazendo uma crítica da sociedade brasileira.

Em 1948 ele lançou “A Pedra do Reino”. As obras “O Santo e a Porca” e “Casamento Suspeitoso” foram publicadas em 1957. Esses são só alguns exemplos de seus trabalhos, sua obra é bem vasta.

Em agosto de 1989 o escritor, dramaturgo e poeta passou a ocupar a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1993 foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras e no ano 2000 entrou para a Academia Paraibana de Letras.

Em 23 de julho de 2014 o escritor faleceu no Recife vítima de um AVC.

Ariano Suassuna foi antes de tudo um nordestino. Um escritor, dramaturgo e poeta muito talentoso que amava o seu país, um patriota, que se orgulhava de ser nordestino e brasileiro e que defendia com unhas e dentes a nossa cultura, a nossa língua e a nossa gente. Não se cansava de denunciar em suas entrevistas e palestras o malefício que representava e representa a imitação caricata de outras culturas pelo nosso povo. Em todo o seu trabalho retratou a cultura popular genuinamente brasileira defendendo que uma nação precisa conservar a sua identidade mesmo que naturalmente receba influências de culturas externas, a cultura de um povo, produzida por ele é seu bem mais precioso.

Por ser um grande escritor que soube “dialogar” tão bem com o povo em seu texto, e retratá-lo com tanta fidelidade, respeitando e valorizando tanto a cultura popular, o nordeste e o Brasil, Ariano Suassuna merece ser conhecido, lido e assistido nos palcos de teatro por todos nós brasileiros, que precisamos aprender a valorizar mais o que é nosso, antes de achar que só o que vem de fora é bom, precisamos conhecer melhor nossos talentos, nossos escritores, nossos artistas, e nossa própria cultura, prestigiar, conhecer e divulgar nossos valores, como fez um dia o próprio Suassuna, afinal uma grande nação é formada por pessoas que construíram uma identidade como povo, que partilham da mesma cultura e dos mesmos ideais e que se orgulham disso.

 

 

Texto escrito por  Ivana Lopes-  Tradutora, Escritora e Colunista

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 Fontes de Pesquisa:

 www.pensador.uol.com.br

 www.infoescola.com/escritores/ariano-suassuna (Ana Lucia Santana)

 www.ebiografia.com/ariano_suassuna

 www.educacao.globo.com/literatura

 Foto (www.pensador. uol.com.br)

MEUS ARTIGOS MAIS RECENTES

       JOÃO GUIMARÃES ROSA  -  O GENIAL

E EXTRAORDINÁRIO ESCRITOR BRASILEIRO

Guimarães Rosa não foi apenas um grande escritor, o que por si só já seria muito, ele foi e continua sendo um escritor único, singular. Sua escrita, sua linguagem, sua obra, sua maneira de contar uma história não encontram paralelo em nenhum lugar do mundo. João Guimarães Rosa é essencialmente brasileiro, uma joia preciosa da literatura nacional.

O escritor nasceu em Cordisburgo, uma pequena cidade em Minas Gerais em 27 de junho de 1908. Desde muito cedo já demonstrava ter uma capacidade intelectual muito acima da média, antes dos 7 anos começou a estudar francês sozinho. Na infância aprendeu francês e depois o holandês com um padre da sua cidade.

Esse fascínio por aprender novas línguas o acompanhou durante toda a sua vida. Guimarães Rosa se tornou um poliglota, falava fluentemente mais de dez idiomas e lia, além desses, em uma outra dezena de línguas.

Quando chegou ao que hoje é chamado de ensino médio, Guimarães se mudou com a família para Belo Horizonte e passou a estudar num colégio de padres alemães e lá em pouco tempo aprendeu alemão.

Aos 16 anos entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Além de cursar a faculdade ele já escrevia seus primeiros contos. Nessa época participou de um concurso promovido pela revista O Cruzeiro e foi o vencedor, seus contos foram premiados e publicados em 1929 e em 1930, neste mesmo ano ele se formou, tornando-se médico, anos mais tarde abandonaria essa carreira admitindo que não tinha vocação para a medicina, que sua vocação estava mesmo no terreno das ideias e das letras. Chegou a exercer a profissão, durante dois anos trabalhou numa pequena cidade do interior mineiro, onde travou conhecimento e amizade com os curandeiros e benzedeiras da região, sabedor da importância dessas pessoas para as comunidades mais pobres, conversava muito com elas, ouvia suas histórias, tinha contato com o conhecimento popular a respeito de ervas e chás medicinais. Provavelmente muitas dessas histórias, conversas e conhecimentos populares serviram de material para as histórias e romances que ele escreveria mais tarde. Depois de trabalhar nessa cidadezinha ele prestou concurso para o cargo de Oficial Médico na Infantaria do Exército. Foi aprovado, mas além das cerimônias cívicas do quartel não havia muito o que fazer e Guimarães Rosa passou a dedicar-se cada vez mais ao estudo de idiomas. Foi também no quartel que ele fez uma intensa pesquisa nos arquivos sobre os jagunços que existiam na região do São Francisco e dessa pesquisa conseguiu um farto material que o inspiraria na criação de seus incríveis personagens.

O escritor Guimarães Rosa foi um homem muito culto, um verdadeiro erudito, mas ao mesmo tempo uma pessoa muito sensível, cheio de simplicidade ao tratar com as pessoas do povo, um “curioso” como ele mesmo se denominava. Essas características impressionavam quem o conhecia. Certa vez, um amigo admirado com a sua cultura, sugeriu que ele se inscrevesse no concurso para trabalhar no Itamarati. Guimarães passou em segundo lugar. Nesse período ele participou de dois concursos literários, em 1936, com uma coletânea de poemas intitulada “Magma” ele recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras e no ano seguinte participou com a obra “Contos”, que anos mais tarde se tornaria o livro “Sagarana”, muito premiado e considerado um dos livros mais importantes da literatura contemporânea brasileira. Neste livro é usada uma linguagem totalmente inovadora nunca antes vista na literatura nacional.

Em 1938 o escritor foi nomeado Cônsul em Hamburgo e passou a viver na Europa. Em Hamburgo ele conheceu Aracy Moebius de Carvalho, uma diplomata brasileira que veio a ser sua segunda esposa, ambos tinham sido casados e eram divorciados. Viveram juntos até a morte do escritor. O mundo enfrentava a segunda guerra mundial e por várias vezes Guimarães Rosa escapou da morte, chegou a ter sua casa destruída durante um bombardeio enquanto ele estava trabalhando. Ele era um homem místico que acreditava na força das energias negativas e positivas, que para ele, pessoas e coisas possuíam. Muito observador, estudioso e crítico teve sempre muito interesse pelas crendices e culturas populares.

Durante o período que ele e a esposa trabalharam como diplomatas, durante a guerra ajudaram a proteger muitos judeus, assinando vistos para eles. Sua ajuda foi tão importante, que em 1985 o governo de Israel fez uma homenagem ao escritor e a sua esposa, nomeando um bosque próximo à Jerusalém com o nome deles.

Em 1951 Guimarães Rosa retornou ao Brasil e fez uma excursão pelo sertão de Mato Grosso anotando tudo sobre a fauna e a flora brasileira, sobre as crenças, superstições e costumes dos sertanejos.

Ele recolheu um farto material que foi utilizado na construção de sua obra prima “Grande Sertão Veredas” lançado em 1956.

Neste romance Guimarães Rosa transcende, ultrapassa com a sua escrita inovadora todos os “limites” que poderiam haver na criatividade de um escritor, seu texto é surpreendente e sua forma de falar sobre o sertão e sobre a gente simples e rude que habita esse universo é totalmente nova, deixando claro seu extraordinário talento e sua incrível capacidade de retratar esse mundo até então pouco conhecido pela maioria dos leitores. A linguagem do livro surpreende, chega a intimidar o leitor no primeiro momento pela “novidade” dos novos termos e pela maneira tão inovadora de como é desenvolvida a trama, mas depois o leitor vai adentrando o universo de Guimarães Rosa e quando percebe já está fascinado e envolvido por esse “sertão”, pelos personagens tão ricos e interessantes, por seus conflitos e suas angústias psicológicas magistralmente criadas pelo escritor.  Guando foi lançado, o livro “Grande Sertão Veredas” causou um grande impacto dentro dos meios literários, foi também um grande sucesso comercial, recebeu prêmios importantes e foi traduzido em várias línguas. Foi ao mesmo tempo aclamado e combatido pela crítica e pelo público da época, por sua característica extremamente inovadora, nem todos conseguiram alcançar e entender sua brilhante narrativa.

Em 1961 Guimarães Rosa recebeu o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra e seu talento passou a ser reconhecido também fora do Brasil. 

Em agosto de 1963 foi eleito, por unanimidade, membro da Academia Brasileira de Letras, a posse só aconteceu 4 anos depois em 16 de setembro de 1967. Três dias após a posse o escritor Guimarães Rosa faleceu subitamente enquanto estava sozinho em seu apartamento em Copacabana, não houve tempo nem para que ele fosse socorrido. No mesmo ano ele tinha sido indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, mas com a sua morte sua indicação foi cancelada.

João Guimarães Rosa foi literalmente um mestre das letras, um escritor genial que soube usar todo seu conhecimento linguístico na construção de uma linguagem totalmente inovadora em seus textos, criando novas palavras, utilizando-as simultaneamente com palavras antigas e já esquecidas e expressões regionais,  sua maneira de contar uma história é única, seus romances além da  linguagem inovadora  denotam seu  total domínio da  técnica de escrever e seu  enorme talento e incrível capacidade criativa . Esse escritor tão extraordinário rompeu as fronteiras brasileiras com sua genialidade e é reconhecido em muitas partes do mundo.  O fato de dominar tantas línguas estrangeiras, de ter absorvido tanta cultura ao longo da vida e de manter em seus romances sempre a discussão sobre o ser humano e o universo que o cerca, num visão inovadora e  poética, que analisa o homem em relação ao seu espaço, um tema universal, tudo isso fez de Guimarães Rosa um escritor do mundo, seu talento não ficou restrito ao solo brasileiro, ultrapassou as fronteiras e chegou  a muitos outros países. Ao mesmo tempo Guimarães Rosa é um patrimônio da literatura brasileira que deve, merece e precisa ser conhecido e lido pelos brasileiros porque ele escreveu sobre nosso povo como nenhum outro escritor fez antes, conseguindo captar os sentimentos e nuances mais escondidos da alma do sertanejo, do homem rude, comum que traz dentro de si, apesar das falsas aparências, um verdadeiro caleidoscópio de “cores”, de múltiplas e interessantes facetas, cobertas pela aparência, cinza, comum e corriqueira de simples cidadão.     

   

    Texto escrito por Ivana Lopes- Tradutora e Colunista

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    Fontes de Pesquisa:

    www.releituras.com/guimarosa
    www.ebiografia.com/guimaraes_rosa
    http://pensador.uol.com.br/autor/guimaraes_rosa/biografia
    www.guiadoestudante.abril.com.br
    www.infoescola.com
    revistacult.uol.com.br - Welington Andrade(Doutor em literatura pela USP e

    professor da Faculdade Cásper Líbero)
    foto( Pensador)

MACHADO DE ASSIS

O MAIOR ESCRITOR BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS

O maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis, ou Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 no morro do Livramento no Rio de Janeiro. O menino de origem humilde, descendente de negros era filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira portuguesa da Ilha de Açores. Ainda  muito criança perdeu a mãe, seu pai se casou novamente e ele foi criado pela madrasta. A segunda mulher de seu pai vendia doces e Machado mesmo sendo só um menino trabalhava junto com ela para ajudar nas despesas da família. Eles vendiam os doces para os alunos de uma escola pública, como Machado de Assis ainda não frequentava nenhuma escola, há relatos que contam que nos intervalos das suas vendas ele aproveitava para assistir as aulas. Machado chegou a frequentar a escola pública, aliás a única escola por onde ele passou, mas cursou apenas os anos iniciais. Machado de Assis foi autodidata, possuía uma viva inteligência que fazia com que fosse capaz de aprender com facilidade. Em um de seus primeiros empregos trabalhou para uma comerciante que falava francês e apenas com a convivência aprendeu a falar fluentemente a língua estrangeira.

Esse grande nome da literatura brasileira foi escritor de romances, contos, crônicas, peças de teatro e escreveu também críticas literárias e poesias.  Com apenas 16 anos publicou o poema “Ela” na revista Marmota Fluminense que pertencia à Livraria Paula Brito cujo dono era um incentivador de novos talentos, depois da publicação de seu poema Machado de Assis passou a colaborar com a revista regularmente. Foi nessa livraria que ele conheceu  e se tornou amigo de José de Alencar, Joaquim Manoel de Macedo  e  Gonçalves Dias.  Aos 17 anos começou a trabalhar como tipógrafo na Imprensa Nacional e a escrever nas horas vagas. Nessa época conheceu Manuel Antonio de Almeida autor de “Memórias de um sargento de milícias” e este se tornou seu protetor.

Em 1864 lançou seu primeiro livro de poesias chamado “Crisálidas”. Em 1869 O escritor se casou com Carolina Augusta Xavier de Novais. Sua esposa era uma mulher muito culta, além de ter sido sua grande incentivadora foi através dela que ele conheceu  os clássicos portugueses  e os escritores ingleses. Nunca tiveram filhos, viveram juntos por 35 anos até o falecimento dela.  Machado sofreu muito com a perda da esposa e escreveu em homenagem a ela o soneto “Carolina”.

Em 1872 publicou seu primeiro romance: “Ressurreição” e em 1874 “A mão e a luva”. Em 1881 Machado de Assis publicou “Memórias Póstumas de Brás Cubas” considerado muito original e inovador para a época, com esse livro teve início no Brasil, um estilo literário chamado de “realismo”.  Apesar disso sua obra é muito variada  e não pode ser enquadrada em um único gênero literário.

Em 1899 foi publicado uma de suas maiores obras “Dom Casmurro”, nesse romance Machado de Assis, discorre de maneira brilhante sobre o “ciúme” durante toda a trama, numa narrativa envolvente. O livro tem um narrador: Bentinho (um homem velho, o Dom Casmurro) que conta a história de seu relacionamento com Capitu, durante todos os capítulos do livro o narrador tenta provar a traição de Capitu e graças à incrível habilidade do genial escritor Machado de Assis, a dúvida de que houve ou não a traição permanece até o final do livro, ao terminar a leitura ainda resta a pergunta, houve ou não a traição? O livro permite várias interpretações, a dúvida lançada por Machado não se esclarece e instiga o leitor. Mais de um século depois de seu lançamento, Dom Casmurro continua sendo uma obra prima que seduz quem o lê, prende em seu enredo, por sua sagacidade e sutileza de detalhes e por fim permanece a incerteza,  deixada para o leitor, que após a leitura continuará questionando os fatos da história que leu.

O escritor Machado de Assis teve e tem até hoje um importante papel dentro da literatura brasileira. Além de sua incontestável genialidade  foi também um dos idealizadores e responsáveis, juntamente com outros intelectuais da época, pela criação da Academia Brasileira de Letras oficialmente instalada em 28 de janeiro de 1897. Machado foi eleito presidente da instituição e permaneceu nesse cargo até falecer  em 29 de setembro de 1908 no Rio de Janeiro.

Durante sua  cerimônia fúnebre Machado de Assis recebeu honras de chefe de estado e teve um discurso em sua homenagem escrito e pronunciado por Rui Barbosa, também membro da Academia.  A importância de Machado de Assis para a literatura é tão grande que naquela época, após seu falecimento, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de “Casa de Machado de Assis”.

Ele foi um grande mestre da literatura brasileira e mundial com um estilo inconfundível, sutil, sarcástico, um profundo observador da alma humana e de suas características psicológicas. Entretanto o escritor não viveu de sua literatura. Foi um funcionário público bem-sucedido, que apesar de sua origem humilde se tornou um refinado aristocrata. Um fato curioso marcou a vida e a obra desse grande talento brasileiro e mundial, Machado de Assis era descendente de negros e viveu durante o período da escravidão no Brasil, apesar de todo seu talento e genialidade e de todo o reconhecimento que desfrutou por parte dos intelectuais da época, Machado foi vítima de preconceito, em muitos de seus livros publicados, onde aparecem fotos do escritor, seu retrato passou por um “branqueamento “para que ele parecesse branco. É necessário lembrar que na época de Machado de Assis, a consciência da sociedade sobre os direitos dos negros sequer engatinhava, com exceção dos que eram abolicionistas e lutavam pelo fim da escravidão. E por conseguinte a sociedade não conseguia admitir que um descendente de negros pudesse ser um escritor tão brilhante e por isso sua imagem foi transformada na do escritor genial e “branco”. Esse “equívoco” tem sido corrigido e as novas edições de seus livros trazem as fotos de um homem afrodescendente e bem vestido. Machado de Assis é um escritor de primeira grandeza dentro da literatura mundial, tema de questões nos vestibulares, suas obras são tema de estudos, de palestras, de pesquisas por especialistas e intelectuais, mas acima de tudo sua obra merece ser lida e conhecida por todos os brasileiros porque além de extremamente bem escrita não só do ponto de vista gramatical é uma leitura agradável, instigadora, que tem muito a ensinar a todos nós.

 

Texto escrito por Ivana Lopes- tradutora, escritora e colunista

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Fontes de Pesquisa:

www.releituras.com/machadodeassis – projeto releituras Arnaldo Nogueira Jr.

www.ebiografia.com/machado de assis

DANTAS, Gabriela Cabral da Silva. “Machado de Assis “; Brasil Escola. Disponível em     <http://brasilescola.uol.com.br/literatura/biografia-machado-assis.htm>. Acesso em    08 de dezembro de 2016.

CASTRO ALVES – o último grande    poeta do romantismo

Em 14 de março de 1847 nascia Castro Alves ou Antônio Frederico de Castro Alves. O último grande poeta do romantismo brasileiro. Sua vida e sua personalidade são tão fascinantes quanto a sua obra. Ele nasceu na Bahia, numa fazenda chamada Cabaceiras próxima à Vila de Curralinhos, hoje cidade que tem o mesmo nome do poeta.

Ainda criança mudou-se com a família para Salvador e foi matriculado na escola, onde entre seus colegas de turma estava Rui Barbosa. Aos 12 anos perdeu a mãe e três anos depois o pai.  Ao entrar na adolescência começou a escrever poemas demonstrando já sua vocação e talento.

Quando o poeta completou 16 anos mudou-se para Recife para se inscrever no curso Jurídico da Academia de Direito. Castro Alves era muito jovem e achou que aquela cidade era tranquila demais, então ao invés de se dedicar aos estudos para conseguir entrar no curso que pretendia, ele deu início a um estilo de vida que marcaria toda a sua breve história, a boemia. Além das “noitadas” com os amigos ele também se dedicou aos romances com lindas mulheres, o poeta era um belo rapaz que atraia as mulheres por onde passava. A consequência desse comportamento foi a reprovação no exame mas em 1864 ele conseguiu entrar para a Academia e cursar Direito. Foi nos bancos acadêmicos que Castro Alves iniciou sua vida literária e onde sua consciência política e libertária foi despertada.

O poeta Castro Alves foi um grande ativista das causas sociais de sua época, um ícone do movimento abolicionista, ele entendeu a importância do seu papel como artífice das letras, no combate às injustiças sociais, onde a escravidão foi sem dúvida uma das maiores injustiças da história brasileira e mundial. Usou sua poesia para combater ativamente a escravidão e aos 22 anos escreveu seu poema mais célebre “O navio negreiro”. Se envolveu  tão ativamente com essa causa que passou a ser chamado de “O Poeta dos Escravos”. Fez parte também do movimento republicano. Foi um jovem poeta politicamente engajado nas lutas do seu tempo, apesar da vida boêmia que levava nunca foi uma pessoa alienada, participou e contribuiu com as mudanças sociais que ocorreram no Brasil naquele período. Além das questões sociais, como um autêntico poeta do romantismo, com  versos  cheios de lirismo, sua poesia fala também  do amor, da sedução e da beleza feminina.

Em 1867, quando ainda cursava direito em Recife, Castro Alves conheceu uma atriz portuguesa chamada Eugênia Câmara, dez anos mais velha do que ele e se apaixonou por ela. Abandonou o curso e partiu com ela numa temporada teatral que passou pela Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.  Escreveu para Eugênia um drama chamado “O Gonzaga ou a Revolução de Minas” que ela encenou na Bahia. No Rio de Janeiro Castro Alves conheceu o grande escritor Machado de Assis e através dele começou a participar dos meios literários. Em São Paulo se matriculou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Nesse período escreveu muitos poemas: “Pesadelo”, “Meu segredo”, “Noite de amor”, “A canção do africano” e “Mocidade e morte” entre outros. Após um ano de romance o poeta rompeu com Eugênia. No final do mesmo ano do rompimento, Castro Alves, durante suas férias, se feriu enquanto participava de uma caçada, ele levou um tiro acidental de espingarda.

Devido a esse acidente, cujo ferimento acabou se agravando, o poeta teve seu pé amputado. Mesmo após esse trágico episódio ele ainda escreveu  o livro “Espumas Flutuantes”, o único livro dele publicado em vida e considerado sua obra prima. Um ano mais tarde, em 06 de julho de 1871 Castro Alves faleceu devido à tuberculose, doença muito grave e comum na época e para qual não havia ainda cura nem mesmo um tratamento eficaz. O estilo de vida boêmio que o poeta sempre levou e o acidente  que ele sofreu debilitaram sua saúde e  precipitaram sua morte que aconteceu quando ele tinha apenas 24 anos de idade.

O grande poeta Castro Alves usava em seus poemas uma linguagem imponente e muito expressiva, costumava ele próprio recitar seus versos nos lugares que frequentava e também dentro das universidades que frequentou como estudante. Seu poder de oratória era magnífico e com isso seus versos libertários e abolicionistas o tornaram muito conhecido e ajudaram na luta contra a escravidão no Brasil.

O último grande poeta romântico brasileiro teve uma vida muito breve e apesar disso muito rica, sua contribuição para a literatura e a poesia nacional é grandiosa, seu nome está marcado na história do Brasil para sempre, ele é o patrono da cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras e sua obra, sua vida e suas lutas merecem ser conhecidas por todos os brasileiros principalmente pelas novas gerações, por se tratar da história de um  jovem poeta extremamente talentoso e que sonhou com a liberdade e a igualdade de todos os homens, com o fim do preconceito e das diferenças de direitos motivadas pela diferença de raças. Castro Alves foi alguém que acreditou e lutou com seu trabalho, a poesia, por um mundo livre e mais justo. Ele teve o sonho que tem todo jovem em qualquer época: mudar o mundo, torná-lo melhor.

   

 

Texto escrito por Ivana Lopes- Tradutora, Colunista e Escritora

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